segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Brasil e o Maranhão

Abertura do Festival de Brasília, 17/11/09, primeira exibição pública de “Lula, o Filho do Brasil”. Enquanto o filme se desenrolava na tela, já estava em curso o massacre político promovido por um exército de escribas, comentaristas políticos, colunistas sociais improvisados, ex-militantes políticos de aluguel, cientistas políticos de plantão convocados a se manifestar apenas do ponto de vista especulativo sobre seu potencial político-eleitoral, afirmando que a eleição presidencial de 2010 seria decidida a partir da força emocional do filme.

Além da ingenuidade infantil dessa tese (ou de sua má-fé?), o que eles questionavam era o nosso direito de fazer um filme sobre o assunto que escolhemos. Pode-se fazer filmes sobre Bush, Berlusconi ou Mitterrand pelo mundo afora, como tem acontecido. Pode-se fazer filmes sobre Getúlio, Juscelino, Tancredo, Jânio ou o empresário Boilesen. Mas sobre Luiz Inácio da Silva, não.

Há os que viram (mais de 800 mil pessoas), os que não viram ainda e os que viram, mas não quiseram ver o filme como um filme com todos os seus méritos e valores cinematográficos, como testemunharam e assinaram embaixo Ziraldo (”Uma história bem contada e bem filmada. Impossível não se comover”), Zuenir Ventura (”O filme mexe com a emoção e vai inundar os cinemas de lágrimas”) e Cacá Diegues (”A história de vida que esse filme conta com muita emoção nos ajuda a compreender melhor o valor da democracia, do direito de todos à liberdade e oportunidade”).

Falar dos méritos e eventuais deficiências desse filme de Fábio Barreto era uma obrigação dos críticos, e é claro que todo mundo tem direito de externar sua opinião, de gostar ou não gostar do filme que viu.

Mas, de tudo que li, poucos tiveram a honestidade intelectual e profissional de criticar o filme como uma obra cinematográfica, escolhendo contestar o direito que qualquer cineasta tem de fazer um filme sobre o assunto que bem entender. A maioria dos que escreveram sobre “Lula, o Filho do Brasil” preferiu este último caminho elitista, censor e autoritário.

Esse processo revela o espírito “patrulheiro” que ainda resta no Brasil como sequela do período autoritário da ditadura militar, quando Cacá Diegues denunciou as patrulhas ideológicas. O espanto é que, em pleno regime democrático que o Brasil vive e respira, haja lugar para esses procedimentos e expedientes antidemocráticos.

A democracia não é o regime que deve silenciar aqueles com os quais não concordamos, eliminá-los ou evitar que eles se manifestem. Na democracia, quando não estamos de acordo com alguma ideia que nos incomoda, produzimos a nossa para que haja um confronto livre entre as duas e a população possa escolher a sua alternativa. Mas os nossos detratores preferiram contestar nosso direito de realizar o filme, manifestando seu desejo antidemocrático de que esse filme jamais fosse feito ou exibido.

Toda a engenharia financeira foi montada às claras e de forma transparente. Desde a partida, decidimos não utilizar nenhuma forma de renúncia fiscal nem buscar o aporte de empresas estatais. Mesmo assim, levantaram-se dúvidas e insinuações de que estávamos utilizando recursos incentivados, acusações que serviam e serviram para provocar antipatia ética pelo filme, pondo em segundo plano suas qualidades cinematográficas.

Agora estamos reformulando algumas estratégias do lançamento comercial, que está iniciando sua sexta semana e já acumula mais de 800 mil espectadores, e sabemos que ainda resta muito chão pela frente, seja no sistema convencional de exibição em salas, seja no sistema alternativo de exibição, que vai levar o filme a uma grande parte de 90% dos municípios do Brasil que não têm cinema.

É lá no Brasil profundo, a preços populares e condizentes com o poder aquisitivo dessas populações, que iremos atingir o público alvo do filme: os Silvas deste país, que precisam e querem conhecer o exemplo de força, persistência e superação de Dona Lindu e seus oito filhos, exemplo que vai correr o mundo em telas de cinema, TV aberta, cabo, DVD e internet.

Nesse sentido, já temos estreias marcadas na Argentina, no Chile, no Uruguai e no Paraguai ainda neste primeiro semestre de 2010, e na Colômbia, no Peru, na Venezuela, no Equador, na Bolívia e no México no segundo semestre de 2010.

Qualquer mudança nessa trajetória do nosso pau de arara cinematográfico, informaremos, na certeza de que não vamos influir nas eleições de nenhum outro país. Queremos apenas ter o direito de contar e ver acompanhada pelo público uma história que julgamos relevante para a consolidação da autoestima de nosso povo, para a consolidação de nossa democracia e para o progresso do cinema brasileiro como um todo.

LUIZ CARLOS BARRETO, 81, é produtor cinematográfico. Produziu, entre outros filmes, “Lula, o Filho do Brasil”, “Dona Flor e seus Dois Maridos” e “O que É Isso, Companheiro?”
Maranhense responde:
7 fevereiro, 2010 as 21:41
Prezado Barreto, ao longo de sua trajetória de sucesso nós, brasileiros, muitas vezes aplaudimos seus filmes, assim como este sobre a história do Presidente.
O FEIO neste caso, prezado Cineasta, é USAR DINHEIRO PÚBLICO para promover a HISTÓRIA DO PRESIDENTE VIGENTE. Senão vejamos: não é proibido homenagear personalidade viva em obras públicas? Não é imoral ver governantes utilizarem o dinheiro público em favor de parentes ou deles próprios? O nome disto é PREVARICAÇÃO!!!
Prezado brasileiro, não se julge superior só porque pode desviar recursos que deveriam ser utilizados para resolver problemas de brasileiros necessitados, em prol de sua arte e, principalmente, NO INTUITO DE PROMOVER O PRESIDENTE.
Não se faça de ignorante, que não és, achando que este fato não ajuda nas próximas campanhas eleitorais. Daqui a pouco você vai dizer que o Bolsa família também não tem esse poder.
Por favor, não pense que somos ignorantes ou estúpidos para acreditar que a arte não pode influenciar os fatos futuros. A muito tempo vemos cientistas procurando tornar realidade as obras de Júlio Verne, ou aventureiros procurando dar a volta ao mundo em 80 dias (hoje muito fácil de fazer!).
Não seja HIPÓCRITA por ter sido beneficiado pelo recurso colocado em seu projeto pessoal (quantos beneficiários do bolsa família correspondem ao apoio institucional dado a você?).
E por último, procure manter seu foco na arte do cinema. Nela você é bom. Procure ser um brasileiro melhor, principalmente num momento em que o Brasil precisa de exemplos de brasileiros que pensam no coletivo em vez de apenas em seu próprio bolso. Precisamos de pessoas que tenham caráter, que procurem agir de forma digna, que possuam virtudes que os políticos em muito deixaram de apresentar. Não nos faça pensar que és igual a eles.

Um brasileiro.



Primeiramente gostaria de parabenizar o comentário feito por Maranhense. Em segundo, agradecer a Derça por publicá-lo em seu blog. Mas que uma simples resposta a um cineasta, essa reflexão demonstra que o Governo Lula como nunca visto na história republicana deste país, utiliza dos mesmos métodos oligárquicos que criticou enquanto oposição. È em filmes, em parcerias políticas, em políticas públicas enfim, tudo através do clientelismo puro. È uma pena! Votei nele pensando que seria diferente, acreditando numa política séria, correta e digna, mas na verdade é totalmente ao inverso, com os homens mais corruptos do Brasil se aliando a tudo isso e tendo o presidente como seu compadre, acompanhado de meio mundo de puxa-sacos individualistas e sangue sugas do dinheiro público, que não estão nem ai para os mais pobres.
Ao longo de minha vida, conheci quase todo o Estado, presenciando a grande pobreza que se prolifera por essa terra tão linda. Pessoas morrem doentes enquanto políticos brincam na TV que vão fazer 65 hospitais. Pessoas morrem de fome por falta de incentivo a agricultura local. A violência aumenta por falta de emprego e educação. O Lula pelo Brasil como a Governadora Sarney pelo Maranhão vestem seus governos com belos tecidos para cobrir as nojeiras enraizadas decorrentes de suas buscas inescrupulosas pelo poder.

Enquanto isso, o governo Maranhense como o Federal está se inchando de corrupção, investindo em mídia com falsas promessas, comprando Prefeitos sem dignidade para apoio eleitoreiro, utilizando de todas as armas (dinheiro público) para sustentar um projeto de governo eterno, ameaçando com todas essas armas, aqueles que buscam novas direções, novas propostas, novas concepções.

O que será que vai acontecer então? eles irão se eleger! Mas que eu sonhe, mas que os homens de bem sonhem por algo melhor, eles irão vencer e continuarão a implantar a arrogância, a busca de mais poder, a tirania, a exploração e tudo aquilo que já conhecemos nestes últimos 50 anos. O Câncer continuará a se alastrar pelo Brasil e pelo Maranhão.

Um dia, eu disse ao meu primo do Rio: Meu Estado tem dois senadores que ninguém votou e uma governadora que não foi eleita pelo povo.

Mesmo assim, acredito que haverá um dia, talvez eu não veja, meus filhos ou netos possam desfrutar de um Brasil e um Maranhão melhor, onde o individualismo é deixado de lado em pró da coletividade humana, onde pessoas e meio ambiente possam se harmonizar e as diferenças diminuírem significativamente, e que ao contrário de nossa realidade, todos possam se orgulhar de seu Governador e Presidente eleito pelo voto.

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